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Inflação. Desemprego e Desigualdade

Inflação

Inflação

Subida generalizada dos nível de preços numa economia.

Medir a Inflação

Índice de Preços no Consumidor (IPC): mede o nível geral de preços que os consumidores pagam por bens e serviços (incluindo impostos).

  • medido segundo um cabaz bem definido;
  • outro medidor da inflação é a Variação do IPC.

Deflator do PIB: mede o nível de preços para a produção doméstica e pode ser calculado através de:

Deflator do PIB=PIB NominalPIB Real×100\text{Deflator do PIB} = \frac{\text{PIB Nominal}}{\text{PIB Real}} \times 100
  • PIB nominal: Valor da produção a preços correntes
  • PIB real: Valor da produção a preços constantes do ano escolhido para ano base

Conceitos-chave

  • Inflação zero: O nível de preços é constante num determinado intervalo de tempo (e.g. ano após ano, semestre após semestre, etc.).
  • Deflação: Descida generalizada de preços (contrário de inflação).
  • Desinflação: Descida da taxa de inflação (inflação existe, mas decrescente).
  • Hiperinflação: Níveis de inflação acima de 50% por mês.
  • Estagflação: Inflação existente associada a uma estagnação do crescimento económico.
  • Inflação Subjacente (Core Inflation): Medida de inflação que exclui a volatilidade transitória ou temporária dos preços. Mede a tendência para a inflação.

Deflação vs Desinflação

É muito importante não confundir deflação com desinflação.

Passagem de Temporária para Permanente

  1. A inflação começa por ser temporária, subindo primeiro o preço das matérias-primas e, consequentemente, o dos bens intermédios.
  2. Os salários sobem em compensação.
  3. As expectativas adaptam-se (por exemplo, nas negociações salariais).

A inflação torna-se permanente quando as tendências de inflação se incorporam nas expectativas da população.

Problemas da Inflação e da Deflação

A presença prolongada da inflação elevada apresenta os seguintes problemas:

  • Para pessoas com rendimentos nominais fixos (como pensionistas), o seu rendimento acaba por valer menos e perdem poder de compra.
  • A inflação reduz o valor real da dívida, o que é bom para quem deve (os devedores), mas não para quem empresta (os credores).
  • Inflação elevada é normalmente associada a volatilidade e incerteza.
  • Torna-se difícil distinguir inflação de mudanças relativas nos preços.
  • A mudança frequente de preços aumenta os Menu Costs (custos de uma empresa quando esta tem de mudar o preço dos seus produtos).

Por outro lado, a presença prolongada da deflação apresenta os seguintes problemas:

  1. O preço dos produtos desce.
  2. As famílias adiam o consumo (na esperança de que os preços reduzam mais no futuro).
  3. Contração da curva da procura agregada.
  4. Queda do PIB e decréscimo económico, o que resulta em perda de poder de compra.

É acordado que uma economia saudável deve apresentar uma taxa de inflação a rondar os 2%.

Causas da Inflação

A inflação pode resultar do lado da procura ou do lado da oferta, visto que preços e salários resultam da interação entre empresas, consumidores e trabalhadores.

Lado da Procura

Uma melhoria do ciclo económico resulta frequentemente no aumento da inflação:

  1. Aumenta a procura agregada.
  2. Mais oferta de emprego.
  3. Aumentam os salários.
  4. Aumentam os custos de produção.
  5. Os preços sobem.

Uma economia pode ter inflação de preços e salários, mas o salário real (SalaˊriosPrec¸os \frac{\text{Salários}}{\text{Preços}}) pode não mudar se preços e salários crescerem ao mesmo ritmo.

Lado da Oferta

  • Aumento do poder de negociação das empresas sobre os consumidores (por exemplo, se houver menos concorrência).
  • Aumento do poder de negociação dos trabalhadores sobre as empresas (por exemplo, na presença de pleno emprego).
  • Aumento dos custos de produção.

Inflação e Emprego

Maior oferta de emprego pode estar associada a maior inflação:

  1. Maior oferta de emprego (Menos desemprego).
  2. Aumento do poder de negociação dos trabalhadores.
  3. Aumento dos salários.
  4. Aumento dos custos de produção.
  5. Aumento dos preços.

Curva de Phillips: estabelece uma relação entre a taxa de inflação e a taxa de emprego.

  • Quando o desemprego está abaixo do equilíbrio, há uma pressão positiva sobre os preços e os salários, a taxa de inflação aumenta.
  • Quando o desemprego está acima do equilíbrio, há uma pressão negativa sobre os preços e os salários, a taxa de inflação diminui.

Curva de Phillips

Mercado de Trabalho

O mercado de trabalho de trabalho divide a população nas seguintes categorias:

  • População em idade ativa (população com idade entre 16 e 70 anos)
    • População Ativa (Labour Force)
      • Empregados
      • Desempregados
    • População Inativa
  • População em idade não ativa

Desemprego: excesso de oferta no mercado de trabalho

  • A sua existência é essencial no equilíbrio do mercado de trabalho, dado que funciona como incentivo:
Na˜o haˊ desempregoNa˜o existe custo de perda de empregoNa˜o haˊ esforc¸o\text{Não há desemprego} \rightarrow \text{Não existe custo de perda de emprego} \rightarrow \text{Não há esforço}

Estatísticas do Mercado de Trabalho

  • Taxa de Atividade
    taxa de atividade=populac¸a˜o ativapopulac¸a˜o em idade ativa\text{taxa de atividade} = \frac{\text{população ativa}}{\text{população em idade ativa}}
  • Taxa de Desemprego
    taxa de desemprego=desempregadospopulac¸a˜o ativa\text{taxa de desemprego} = \frac{\text{desempregados}}{\text{população ativa}}
  • Taxa de Emprego
    taxa de emprego=empregadospopulac¸a˜o em idade ativa\text{taxa de emprego} = \frac{\text{empregados}}{\text{população em idade ativa}}

Taxa de Emprego e Taxa de Desemprego

Taxa de Emprego+Taxa de Desemprego1\text{Taxa de Emprego} + \text{Taxa de Desemprego} \ne 1

Políticas do Mercado de Trabalho

  • Maior educação e formação da população aumenta a produtividade do trabalho.
  • Subsídio de desemprego mais baixo diminui o salário de reserva.
    • Salário de reserva: salário mínimo que o trabalhador exige para participar no mercado de trabalho.
  • A existência de políticas de imigração aumenta a oferta de emprego.
  • O apoio governamental na prestação de cuidados infantis (atribuição de licenças de maternidade/paternidade, por exemplo) incentiva a participação feminina no mercado de trabalho.

Divisão de Output

O mercado de trabalho determina a divisão da produção da economia entre trabalhadores empregados, desempregados e empregadores (proprietários das empresas).

Coeficiente de Gini: é uma medida de desigualdade, medindo a distribuição de rendimento em função da percentagem da população com base na distribuição ideal.

  • É maior quando:
    • a taxa de desemprego aumenta
    • o salário real diminui
    • o markup (rendimento dos owners) aumenta
    • a produtividade aumenta (no curto prazo, tende a criar desemprego).
  • Quanto maior é o Coeficiente de Gini, maior é a desigualdade.

Olhando para os gráficos abaixo, o cálculo do Coeficiente de Gini é feito com base em duas linhas:

  • Linha de Igualdade (a mais acima): representa a distribuição ideal do rendimento pela população (desempregados, empregados e owners);
  • Curva de Lorentz (a mais abaixo): indica o rendimento cumulativo ganho por uma percentagem da população.

Coeficientes de Gini do Eslovénia e do Brasil

Coeficiente de Gini=Aˊrea entre a Linha de Igualdade e a Curva de LorentzAˊrea abaixo da Linha de Igualdade \text{Coeficiente de Gini} = \frac{\text{Área entre a Linha de Igualdade e a Curva de Lorentz}}{\text{Área abaixo da Linha de Igualdade}}

Analisando a figura anterior, verifica-se que a Eslovénia apresenta uma desigualdade inferior face ao Brasil.

Desigualdades

Ao falar de desigualdades, convém ter em conta os seguintes conceitos:

  • Riqueza: stock (ou valor desse stock) que alguém possui;
    • casas, máquinas, bens de capital, dívidas que nos devem subtraindo dívidas que devemos;
  • Rendimento: quantidade de dinheiro (fluxo) recebida num dado período de tempo;
    • ganhos de mercado, investimentos, Governo;
  • Depreciação: redução do valor de stock/riqueza ao longo do tempo.

A relação entre estes conceitos pode ser vista abaixo:

Relação entre riqueza, rendimento e depreciação

Quando é que a desigualdade se torna injusta? Parece ser consensual que, por exemplo, a desigualdade categórica (baseada em diferenças étnicas, religiosas, de género, etc) é injusta, enquanto que a desigualdade com base no trabalho árduo e na tomada de risco não é injusta.

Uma das maneiras de combater a desigualidade injusta é através do aumento da produtividade:

  1. Maior formação/educação da população;
  2. Aumento da produtividade e maior lucro;
  3. Criação de novas empresas e diminuição do desemprego;
  4. Criação de alternativas com melhores salários;
  5. Diminuição da desigualdade.

Outra maneira possível é através da automação do trabalho (utilização de máquinas para realizar o trabalho de pessoas), embora esta solução tenha resultados possivelmente mais ambíguos:

  • A curto prazo:
    1. Substituição do trabalho rotineiro;
    2. Aumento do desemprego e da desigualdade;
    3. Aumento dos salários dos trabalhadores compatíveis com as máquinas;
    4. Aumento da desigualdade.
  • A longo prazo:
    1. Substituição do trabalho rotineiro;
    2. Aumento da produtividade e dos lucros;
    3. Criação de novos empregos e redução do desemprego;
    4. Aumento dos salários e redução da desigualdade.

O Governo também pode impor políticas para combater a desigualdade injusta:

  • Redistribuição: impostos e transferências que reduzem as diferenças de rendimento disponível e maior oferta de serviços públicos;
  • Pré-distribuição: maior igualdade de dotações, aumentando o valor das dotações para quem tem rendimento baixo ou através do estabelecimento de um salário mínimo.